Plantão | Publicada em 05/06/2011 às 08h40m
Mirelle de França 
LOS ANGELES. 'Daqui a pouco eu falo com você, guria. Acabei de comer e tô com cheiro de cebola". Depois de voar 16 horas até Los Angeles com a promessa de ter 20 minutos ao lado da modelo mais bem paga do mundo - US$ 45 milhões em 2010, de acordo com a revista "Forbes" -, uma das últimas coisas que alguém imagina ouvir de Gisele Bündchen é um pedido de desculpas pelo seu... Hálito. Mas é nesta hora que descobrimos por que a gaúcha de Horizontina transformou-se num fenômeno: além da beleza desconcertante e do jeito simples, ela sabe surpreender como ninguém. De übermodel a Embaixadora das Nações Unidas, de garota-propaganda de sandálias de dedo a homenageada em Harvard por seu apoio a causas ambientais, ela agora decidiu virar heroína de desenho animado.
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Apaixonada e atuante quando o assunto é meio ambiente, em "Gisele e a Equipe Verde", série de 26 episódios com estreia prevista para o segundo semestre no Cartoon Network, ela realiza o sonho de falar às crianças sobre o tema que lhe é tão caro:
- Uma das melhores coisas é participar de projetos nos quais acredito. Acho que essa é a maior conquista da minha vida. Ter trabalhado 15 anos para hoje chegar e falar: "Vou fazer coisas que me deixem orgulhosa" - diz, durante entrevista exclusiva à Revista da TV, em Burbank, nos arredores de Los Angeles, num dos intervalos das gravações da dublagem para o português de sua personagem, a super-heroína Gisele.
A ideia de produzir o desenho surgiu há três anos, quando os executivos da produtora americana A2 - responsáveis por sucessos como "Super Mario Bros", "Hello Kitty" e "Ursinhos Carinhosos" - procuraram Gisele com a proposta de desenvolver uma atração sobre a modelo.
- Eu expliquei que o único jeito de eu fazer um cartoon era se ele fosse educativo. Ele precisava falar sobre coisas que eu acho importantes e que as crianças devem aprender desde pequenas - esclarece Gisele, entre um gole e outro de água e punhados de pipoca doce, numa das salas do estúdio Bang Zoom.
Amy Heyward, uma das sócias da A2, entrega que Gisele não recebeu nada pelo uso de sua imagem e voz no desenho - nos Estados Unidos, os 26 episódios de quatro minutos cada estão disponíveis no site do portal AOL desde 2010. Ao contrário, a modelo investiu recursos, cujos valores não foram divulgados, no projeto voltado para crianças entre 7 e 11 anos de idade:
- É impressionante como Gisele tem o poder de inspirar as crianças, que a veem como um exemplo a ser seguido. Ela nos contagiou com sua paixão pela defesa do meio ambiente - conta Amy.
Não recebeu um tostão, mas se meteu em tudo, em cada detalhe de "Gisele e a Equipe Verde". Do visual aos temas dos episódios.
- Ah, minha filha, eu não sei viver sem dar palpite. Meu nome é "Gisele, a palpiteira"! Eu quero me meter em tudo! Até no que eu não sei... No! Just kidding! Sou uma pessoa criativa, aí me dão uma oportunidade dessas... Eu falei: "Eu vou criar". Então, se você vai fazer um cartoon sobre mim, eu vou dizer como vai ser - avisa, falando sem respirar e misturando o português com o inglês de um jeito difícil de acompanhar.
Em "Gisele e a Equipe Verde", a brasileira é a líder de uma turma de meninas - a loura Alex, a negra Keisha, a morena Sophie e a oriental Woo Li - que lutam para salvar o planeta.
- Queria uma menina de cada tipo (físico). Juntas, nós cinco formamos uma estrela, que é o símbolo do nosso grupo. Na minha família, também somos cinco irmãs - lembra, contando que Patrícia, sua irmã gêmea, ganhou um "papel" no desenho: - É ela quem distribui as missões, mas apenas sua voz (que não é a real) aparece. É como o Charlie de "As panteras".
Fora as roupas, os cabelos e o jeitinho de cada uma das personagens, Gisele se preocupou (e muito) com os temas que seriam abordados. Não se fez de rogada e convocou especialistas das Nações Unidas para apurar quais eram os maiores desafios ambientais do mundo na atualidade.
- Eles (as Nações Unidas) é que nos deram a base para desenvolver os episódios. Todos os temas abordados estão realmente acontecendo e são casos emergenciais que estão ameaçando o meio ambiente - frisa Gisele, cujo superpoder no desenho é o dom de se comunicar com a Terra.
Mãe de Benjamin, de 1 ano e meio, filho de seu casamento com o jogador de futebol americano Tom Brady, ela confessa que assiste pouco à televisão.
- Você abre o jornal e... Meu Deus! Liga a TV e... Meu Deus do céu! Você é bombardeada de notícias ruins. Para ser bem honesta, eu não vejo muitos programas de notícias. Não vejo muita coisa - diz, sem descartar a possibilidade de comandar uma atração na TV: - Se alguma coisa aparecer, se eu achar interessante, legal e divertida...
Um talk show?
- Imagina! Meu talk show seria "Gisele, perguntas e respostas". Eu vou perguntar e eu mesma vou responder! Eu falo sem parar!
Gisele pode até fugir das más notícias. Mas está longe do estereótipo da mulher bonita e alienada. Está acompanhando de perto, por exemplo, toda a discussão sobre o Código Florestal Brasileiro:
- O Brasil tem uma oportunidade maravilhosa de crescer com consciência. Estamos num momento crítico, com a revisão do Código Florestal. Para tomar qualquer decisão, especialistas devem ser ouvidos. Não são os políticos sozinhos quem devem decidir. E, claro, nós brasileiros também temos que nos mover. Acho que o povo tem que procurar saber e fazer sua parte.
Gisele faz a dela. Em sua casa em Los Angeles, 85% do material usado na construção têm origem sustentável. A energia é eólica, o lixo é reciclado e, no jardim, existem 50 tipos de árvores frutíferas. Já na incrível mansão da Costa Rica, a água da chuva é reaproveitada.
- Sei que algumas coisas são mais complexas, mas qualquer um pode ter um galinheiro em casa, gente! Eu tenho! - ensina.
Ter galinha, agora, é tendência.
*A jornalista viajou a convite do Cartoon Network.
fonte :O GLOBO ONLINE
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